Por Maria Fátima Mores, graduanda em Pedagogia – Feevale
No dia-a-dia das escolas infantis, a música faz parte da rotina de atividades as quais as crianças vivenciam. Existe a música para guardar os brinquedos, fazer fila, escovar os dentes e etc. Enfim, as educadoras utilizam-se deste recurso para facilitar o trabalho com as crianças e neste ato de brincar com as canções aprende-se regras básicas da vida cotidiana.
Teca Alencar de Brito (2004), comenta que o processo musical ainda continua lento nas escolas, que a linguagem musical centra-se nas datas comemorativas e no convívio da rotina e não em atividades de experimentar, improvisar, conhecer esse universo de sons, para contribuir com a aprendizagem das crianças.
No entanto, comenta que muitos estudos estão sendo realizados e assim, estes vem contribuindo para que os professores possam orientar-se nas ações musicais para com seus alunos. Segundo, Deheinzelin (1996), “a música é das artes a primeira, tanto na cronologia da história humana, como na importância fundamental do lugar que ocupa em nossas vidas.” (p.127)
A música é importante na vida de todos, pois ela expressa sentimentos, vontades, culturas… Ela pode se transformar num ótimo objeto de ensino-aprendizagem, pois as crianças da Educação Infantil conseguem se expressar com facilidade através da música, que é tida como a primeira manifestação artística vivenciada pelo homem.
Como nos diz Brito (2004), “é difícil encontrar alguém que não se relacione com a música de um modo ou de outro: escutando, cantando, dançando, tocando um instrumento, em diferentes momentos e por diversas razões”. (p.31)
O compositor e pesquisador francês François Delande, apontado no livro de Teca Alencar de Brito (2004) relacionou as formas de atividade lúdica infantil propostas por Jean Piaget. Segundo o autor, as três dimensões presentes na música seriam:
• Jogo sensório-motor – vinculado à exploração do som e do gesto;
• Jogo simbólico – vinculado ao valor expressivo e à significação mesma do discurso musical;
• Jogo com regras – vinculado à organização e à estruturação da linguagem musical.(DELANDE, (1984) apud BRITO, 2004, p.31)
Sendo assim, partindo desta análise a música é jogo, e de fato é só pararmos para analisar cada repertório que ouvimos, fazer a reflexão e partir para a realização de atividades com a criança.
Os acalantos, as rodas cantadas, os brincos e parlendas*, são cantigas e brincadeiras que dão ao professor a oportunidade de observar e analisar como as crianças ouvem, percebem, se relacionam com materiais sonoros, com a linguagem, com o silêncio, o ritmo e outros elementos. O educador deve incentivar a participação de todas as crianças nestes momentos lúdicos, possibilitando a apreciação do brincar e aprender com a arte da música.
Segundo Akoschky,
Quando escutam, as crianças percebem aspectos parciais e globais. Tendem a perceber uma canção de forma global, integrando o texto, a melodia e o ritmo, e nem sempre reconhecem esses elementos separadamente. Mas, se porventura há algum elemento que se destaca (uma palavra engraçada, uma onomatopéia, um ritmo especifico), podem identificar o todo da canção com base nesse elemento. Em obras instrumentais, costumam identificar, primeiramente, o caráter, contrastes grandes ou, ainda, o instrumento solista, caso já o conheçam.(AKOSCHKY,1996 apud BRITO, 2004, p.189)
O universo musical que pode-se apresentar às crianças é amplo, não pode ficar restrita a eventos marcantes e sim, ser uma prática diária, fazendo uso desde a música clássica à MPB. A linguagem musical facilita a socialização, a coordenação motora, o raciocínio lógico, a linguagem verbal, a linguagem do corpo, a interação com o ambiente e etc.
E assim nos diz, BRITO, 2004:
[…] Nesse sentido, o professor deve atuar sempre- como animador, estimulador, provedor de informações e vivencias que irão enriquecer e ampliar a experiência e o conhecimento das crianças, não apenas do ponto de vista musical, mas integralmente, o que deve ser o objetivo prioritário de toda proposta pedagógica, especialmente na etapa da Educação infantil.(p.45)
Desejando um futuro criativo e feliz para nossas crianças, é de extrema importância o educador fazer uso deste recurso, pois todo processo de trabalho bem orientado, desejado, resulta em crescimento de competências e habilidades, como também do universo cultural.
Assim sendo, valorizada pelo professor e amparada legalmente pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a música na Educação Infantil, favorece um trabalho rico em ludicidade e aprendizagem para a vida.
E assim reafirmo que,
A conquista de habilidades musicais no uso da voz, do corpo e dos instrumentos deve ser observada e estimulada, tendo-se claro que não devem se constituir em fins em si mesmos e que pouco valeu se não estiverem integrados a um contexto em que o valor da música como forma de comunicação e representação do mundo se faça presente. (RCNEI, 1998)
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do desporto, secretária de educação Fundamental. _ Brasília: MEC/SEF,1998.
BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil.(propostas para a formação integral da criança). Ed. Peirópolis, 2004.
DEHEINZELIN, Monique. A fome com a vontade de comer. Petrópolis: Vozes, 1996.
*Brincos são cantados com pouco som e envolvem o movimento corporal, as parlendas são brincadeiras ritmicas com rimas e sem música.
Fonte: www,novohamburgo.org/
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